Documentação do Symfony - versão 3.1
Renderizada do repositório symfony-docs-pt-BR no Github
Parabéns! Aprendendo sobre o Symfony2, você está no caminho certo para ser um desenvolvedor web mais produtivo, bem preparado e popular (na verdade, este último é por sua própria conta). O Symfony2 foi criado para voltar ao básico: desenvolver ferramentas para ajuda-lo a criar aplicações mais robustas de uma maneira mais rápida sem ficar no seu caminho. Ele foi construído baseando-se nas melhores ideias de diversas tecnologias: as ferramentas e conceitos que você está prestes a aprender representam o esforço de milhares de pessoas, realizado durante muitos anos. Em outras palavras, você não está apenas aprendendo o “Symfony”, você está aprendendo os fundamentos da web, boas práticas de desenvolvimento e como usar diversas biblotecas PHP impressionantes, dentro e fora do Symfony2. Então, prepare-se.
Seguindo a filosofia do Symfony2, este capítulo começa explicando o conceito fundamental para o desenvolvimento web: o HTTP. Independente do seu conhecimento anterior ou linguagem de programação preferida, esse capítulo é uma leitura obrigatória para todos.
HTTP (Hypertext Transfer Protocol, para os geeks) é uma linguagem textual que permite que duas máquinas se comuniquem entre si. É só isso! Por exemplo, quando você vai ler a última tirinha do xkcd, acontece mais ou menos a seguinte conversa:
Apesar da linguagem real ser um pouco mais formal, ainda assim ela é bastante simples. HTTP é o termo usado para descrever essa linguagem simples baseada em texto. Não importa como você desenvolva para a web, o objetivo do seu servidor sempre será entender simples requisições de texto e enviar simples respostas de texto.
O Symfony2 foi criado fundamentado nessa realidade. Você pode até não perceber, mas o HTTP é algo que você utilizada todos os dias. Com o Symfony2 você irá aprender a domina-lo.
Toda comunicação na web começa com uma requisição. Ela é uma mensagem de texto criada por um cliente (por exemplo, um navegador, um app para iPhone etc) em um formato especial conhecido como HTTP. O cliente envia essa requisição para um servidor e, então, espera pela resposta.
Veja a primeira parte da interação (a requisição) entre um navegador e o servidor web do xkcd:
No linguajar do HTTP, essa requisição se parece com isso:
1 2 3 4 | GET / HTTP/1.1
Host: xkcd.com
Accept: text/html
User-Agent: Mozilla/5.0 (Macintosh)
|
Essa simples mensagem comunica tudo o que é necessário sobre o recurso exato que o cliente está requisitando. A primeira linha de uma requisição HTTP é a mais importante e contém duas coisas: a URI e o método HTTP.
A URI (por exemplo, /
, /contact
etc) é um endereço único ou localização que
identifica o recurso que o cliente quer. O método HTTP (por exemplo, GET
)
define o que você quer fazer com o recurso. Os métodos HTTP são os verbos da
requisição e definem algumas maneiras comuns de agir em relação ao recurso:
GET | Recupera o recurso do servidor |
POST | Cria um recurso no servidor |
PUT | Atualiza um recurso no servidor |
DELETE | Exclui um recurso do servidor |
Tendo isso em mente, você pode imaginar como seria uma requisição HTTP para excluir uma postagem específica de um blog, por exemplo:
1 | DELETE /blog/15 HTTP/1.1
|
Note
Existem na verdade nove métodos definidos pela especificação HTTP, mas
a maioria deles não são muito utilizados ou suportados. Na realidade, muitos dos
navegadores modernos não suportam os métodos PUT
e DELETE
.
Além da primeira linha, uma requisição HTTP invariavelmente contém outras linhas
de informação chamadas de cabeçalhos da requisição. Os cabeçalhos podem fornecer
uma vasta quantidade de informações, tais como o Host
que foi requisitado, os
formatos de resposta que o cliente aceita (Accept
) e a aplicação que o
cliente está utilizando para enviar a requisição (User-Agent
). Muitos outros
cabeçalhos existem e podem ser encontrados na Wikipedia, no artigo
List of HTTP header fields
Uma vez que o servidor recebeu uma requisição, ele sabe exatamente qual recurso o cliente precisa (através do URI) e o que o cliente quer fazer com ele (através do método). Por exemplo, no caso de uma requisição GET, o servidor prepara o o recurso e o retorna em uma resposta HTTP. Considere a resposta do servidor web do xkcd:
Traduzindo para HTTP, a resposta enviada para o navegador será algo como:
1 2 3 4 5 6 7 8 | HTTP/1.1 200 OK
Date: Sat, 02 Apr 2011 21:05:05 GMT
Server: lighttpd/1.4.19
Content-Type: text/html
<html>
<!-- HTML for the xkcd comic -->
</html>
|
A resposta HTTP contém o recurso requisitado (nesse caso, o conteúdo HTML), bem como outras informações. A primeira linha é especialmente importante e contém o código de status da resposta HTTP (nesse caso, 200). Esse código de status é uma representação geral da resposta enviada à requisição do cliente. A requisição foi bem sucedida? Ocorreu algum erro? Existem diferentes códigos de status para indentificar sucesso, um erro, ou que o cliente precisa fazer alguma coisa (por exemplo, redirecionar para outra página). Uma lista completa pode ser encontrada na Wikipedia, no artigo List of HTTP status codes.
Assim como uma requisição, uma resposta HTTP também contém informações adicionais
conhecidas como cabeçalhos HTTP. Por exemplo, um cabeçalho importante nas respostas
HTTP é o Content-Type
. O conteúdo de um mesmo recurso pode ser retornado em
vários formatos diferentes, incluindo HTML, XML ou JSON, só para citar alguns.
O cabeçalho Content-Type
diz ao cliente qual é o formato que está sendo
retornado.
Existem diversos outros cabeçalhos, alguns deles bastante poderosos. Certos cabeçalhos, por exemplo, podem ser utilizados para criar um poderoso sistema de cache.
Essa conversação de requisição-resposta é o processo fundamental que dirige toda a comunicação na web. Apesar de tão importante e poderoso esse processo, ainda assim, é inevitavelmente simples.
O fato mais importante é: independente da linguagem que você utiliza, o tipo de aplicação que você desenvolva (web, mobile, API em JSON) ou a filosofia de desenvolvimento que você segue, o objetivo final da aplicação sempre será entender cada requisição e criar e enviar uma resposta apropriada.
O Symfony foi arquitetado para atender essa realidade.
Tip
Para aprender mais sobre a especificação HTTP, leia o original HTTP 1.1 RFC ou HTTP Bis, que trata-se de um esforço para facilitar o entendimento da especificação original. Para verificar as requisições e respostas enviadas enquanto navega em um site, você pode utilizar a extensão do Firefox chamada Live HTTP Headers.
Como interagir com a “requisição” e criar uma “resposta” utilizando o PHP? Na verdade, o PHP abstrai um pouco desse processo:
1 2 3 4 5 6 7 | <?php
$uri = $_SERVER['REQUEST_URI'];
$foo = $_GET['foo'];
header('Content-type: text/html');
echo 'The URI requested is: '.$uri;
echo 'The value of the "foo" parameter is: '.$foo;
|
Por mais estranho que possa parecer, essa pequena aplicação, de fato, lê
informações da requisição HTTP e a está utilizando para criar um resposta HTTP. Em
vez de interpretar a requisição pura, o PHP prepara algumas variáveis superglobais
, tais como $_SERVER
e $_GET
, que contém toda a informação da requisição.
Da mesma forma, em vez de retornar o texto da resposta no formato do HTTP, você
pode utilizar a função header()
para criar os cabeçalhos e simplesmente
imprimir o que será o conteúdo da mensagem da reposta. O PHP irá criar uma
reposta HTTP verdadeira que será retornada para o cliente.
1 2 3 4 5 6 7 | HTTP/1.1 200 OK
Date: Sat, 03 Apr 2011 02:14:33 GMT
Server: Apache/2.2.17 (Unix)
Content-Type: text/html
The URI requested is: /testing?foo=symfony
The value of the "foo" parameter is: symfony
|
O Symfony fornece uma alternativa à abordagem feita com o PHP puro, utilizando
duas classes que permitem a interação com as requisições e respostas HTTP de uma
maneira mais fácil. A classe Request
é uma simples representação orientada a objetos de uma requisição HTTP. Com ela,
você tem todas as informações da requisição nas pontas dos dedos:
use Symfony\Component\HttpFoundation\Request;
$request = Request::createFromGlobals();
// the URI being requested (e.g. /about) minus any query parameters
$request->getPathInfo();
// retrieve GET and POST variables respectively
$request->query->get('foo');
$request->request->get('bar');
// retrieves an instance of UploadedFile identified by foo
$request->files->get('foo');
$request->getMethod(); // GET, POST, PUT, DELETE, HEAD
$request->getLanguages(); // an array of languages the client accepts
Como um bônus, a classe Request
faz um monte de trabalho com o qual você
nunca precisará se preocupar. Por exemplo, o método isSecure()
verifica os
três valores diferentes que o PHP utiliza para indicar ser o usuário está
utilizando uma conexão segura (https
, por exemplo).
O Symfony também fornece a classe Response
: uma simples representação em PHP de
uma resposta HTTP. Assim é possível que sua aplicação utilize uma interface
orientada a objetos para construir a resposta que precisa ser enviada ao cliente:
use Symfony\Component\HttpFoundation\Response;
$response = new Response();
$response->setContent('<html><body><h1>Hello world!</h1></body></html>');
$response->setStatusCode(200);
$response->headers->set('Content-Type', 'text/html');
// prints the HTTP headers followed by the content
$response->send();
Com tudo isso, mesmo que o Symfony não oferecesse mais nada, você já teria um kit de ferramentas para facilmente acessar informações sobre a requisição e uma interface orientada a objetos para criar a resposta. Mesmo depois de aprender muitos dos poderosos recursos do Symfony, tenha em mente que o objetivo da sua aplicação sempre será interpretar uma requisição e criar a resposta apropriada baseada na lógica da sua aplicação.
Tip
As classes Request
e Response
fazem parte de um componente do Symfony
chamado HttpFoundation
. Esse componente pode ser utilizado de forma
independente ao framework e também possui classes para tratar sessões e
upload de arquivos.
Como o próprio HTTP, os objetos Request
e Response
são bastante simples.
A parte difícil de se construir uma aplicação é escrever o que acontece entre eles.
Em outras palavras, o trabalho de verdade é escrever o código que interpreta a
requisição e cria a resposta.
A sua aplicação provavelmente faz muitas coisas como enviar emails, tratar do envio de formulários, salvar coisas no banco de dados, renderizar páginas HTML e proteger o conteúdo com segurança. Como cuidar de tudo isso e ainda ter um código organizado e de fácil manutenção?
O Symfony foi criado para que ele resolva esses problemas, não você.
Tradicionalmente, aplicações são construídas para que cada página do site seja um arquivo físico:
1 2 3 | index.php
contact.php
blog.php
|
Existem diversos problemas para essa abordagem, incluindo a falta de flexibilidade
das URLs (e se você quiser mudar o arquivo blog.php
para news.php
sem
quebrar todos os seus links?) e o fato de que cada arquivo deve ser alterado
manualmente para incluir um certo conjunto de arquivos essenciais de forma que a
segurança, conexões com banco de dados e a “aparência” do site continue consistente.
Uma solução muito melhor é utilizar um front controller: um único arquivo PHP que trata todas as requisições enviadas para a sua aplicação. Por exemplo:
/index.php |
executa index.php |
/index.php/contact |
executa index.php |
/index.php/blog |
executa index.php |
Tip
Utilizando o mod_rewrite
do Apache (ou o equivalente em outros servidores
web), as URLs podem ser simplificadas facilmente para ser somente /
, /contact
e /blog
.
Agora, cada requisição é tratada exatamente do mesmo jeito. Em vez de arquivos PHP individuais para executar cada URL, o front controller sempre será executado, e o roteamento de cada URL para diferentes partes da sua aplicação é feito internamente. Assim resolve-se os dois problemas da abordagem original. Quase todas as aplicações modernas fazem isso - incluindo apps como o Wordpress.
Dentro do front controller, como você sabe qual página deve ser renderizada e como renderiza-las de uma maneira sensata? De um jeito ou de outro, você precisará verificar a URI requisitada e executar partes diferentes do seu código dependendo do seu valor. Isso pode acabar ficando feio bem rápido:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 | // index.php
$request = Request::createFromGlobals();
$path = $request->getPathInfo(); // the URL being requested
if (in_array($path, array('', '/')) {
$response = new Response('Welcome to the homepage.');
} elseif ($path == '/contact') {
$response = new Response('Contact us');
} else {
$response = new Response('Page not found.', 404);
}
$response->send();
|
Resolver esse problema pode ser difícil. Felizmente é exatamente o que o Symfony foi projetado para fazer.
Quando você deixa que o Symfony cuide de cada requisição, sua vida fica muito mais fácil. O framework segue um simples padrão para toda requisição:
Cada “página” do seu site é definida no arquivo de configuração de roteamento que
mapeia diferentes URLs para diferentes funções PHP. O trabalho de cada função,
chamadas de controller, é usar a informação da requisição - junto com
diversas outras ferramentas disponíveis no Symfony - para criar e retornar um
objeto Response
. Em outras palavras, o seu código deve estar nas funções controller:
lá é onde você interpreta a requisição e cria uma resposta.
É fácil! Vamos fazer uma revisão:
Response
apropriado.Sem entrar em muitos detalhes, vamos ver esse processo em ação. Suponha que
você quer adicionar a página /contact
na sua aplicação Symfony. Primeiro,
adicione uma entrada para /contact
no seu arquivo de configuração de roteamento:
1 2 3 | contact:
pattern: /contact
defaults: { _controller: AcmeDemoBundle:Main:contact }
|
Note
Esse exemplo utiliza YAML para definir a configuração de roteamento. Essa configuração também pode ser escrita em outros formatos, tais como XML ou PHP.
Quando alguém visitar a página /contact
, essa rota será encontrada e o
controller específico será executado. Como você irá aprender no capítulo sobre roteamento,
a string AcmeDemoBundle:Main:contact
é uma sintaxe encurtada para apontar para
o método contactAction
dentro de uma classe chamada MainController
:
1 2 3 4 5 6 7 | class MainController
{
public function contactAction()
{
return new Response('<h1>Contact us!</h1>');
}
}
|
Nesse exemplo extremamente simples, o controller simplesmente cria um objeto
Response
com o HTML “<h1>Contact us!</h1>”. No capítulo sobre controller,
você irá aprender como um controller pode renderizar templates, fazendo com que o seu código de
“apresentação” (por exemplo, qualquer coisa que gere HTML) fique em um arquivo de
template separado. Assim deixamos o controller livre para se preocupar apenas com
a parte complicada: interagir com o banco de dados, tratar os dados enviados ou
enviar emails.
Agora você sabe que o objetivo de qualquer aplicação é interpretar cada requisição recebida e criar uma resposta apropriada. Conforme uma aplicação cresce, torna-se mais difícil de manter o seu código organizado e de fácil manutenção. Invariavelmente, as mesmas tarefas complexas continuam a aparecer: persistir dados no banco, renderizar e reutilizar templates, tratar envios de formulários, enviar emails, validar entradas dos usuários e cuidar da segurança.
A boa notícia é que nenhum desses problemas é único. O Symfony é um framework cheio de ferramentas para você construir a sua aplicação e não as suas ferramentas. Com o Symfony2, nada é imposto: você é livre para utilizar o framework completo ou apenas uma parte dele.
Então, o que é o Symfony2? Primeiramente, trata-se de uma coleção de vinte bibliotecas independentes que podem ser utilizadas dentro de qualquer projeto PHP. Essas bibliotecas, chamadas de Components do Symfony2, contém coisas úteis para praticamente qualquer situação, independente de como o seu projeto é desenvolvido. Alguns desses componentes são:
Request
e Response
, bem como outras
classes para tratar de sessões e upload de arquivos;/contact
) para uma informação sobre como a
requisição deve ser tratada (por exemplo, executar o método contactAction()
);require
para cada arquivo
que as contém;Cada um desses componentes funcionam de forma independente e podem ser utilizados em qualquer projeto PHP, não importa se você utiliza o Symfony2 ou não. Cada parte foi feita para ser utilizada e substituída quando for necessário.
Então, o que é o framework Symfony2? Ele é uma biblioteca PHP que realiza duas tarefas distintas:
Swiftmailer
, utilizada para enviar emails);O objetivo do framework é integrar várias ferramentas independentes para criar uma experiência consistente para o desenvolvedor. Até próprio próprio framework é um pacote Symfony2 (um plugin, por exemplo) que pode ser configurado ou completamente substituído.
O Symfony2 fornece um poderoso conjunto de ferramentas para desenvolver aplicações web rapidamente sem impor nada. Usuários normais podem iniciar o desenvolvimento rapidamente utilizando uma distribuição do Symfony2, que contém o esqueleto de um projeto com as princpais itens padrão. Para os usuários mais avançados, o céu é o limite.